quarta-feira, 12 de agosto de 2009





2009 - Centenário de Euclides da Cunha

Depois de Machado de Assis, 2009 será o ano para o Brasil lembrar os 100 anos da morte do escritor Euclides da Cunha.

Listado entre os mais importantes escritores da literatura brasileira, Euclides da Cunha morreu em 15 de agosto de 1909, aos 43 anos de idade, assassinado pelo militar Dilermando de Assis, amante de sua mulher Ana.
Acho muito estranho uma frase que contenha algo como “… em agosto celebra-se o centenário morte de …”
Não sei quanto a vocês, mas celebrar o “aniversário” de uma morte é na melhor das hipóteses mórbido. Nesses últimos dias muito se escreveu sobre o centenário da morte de Euclides da Cunha (1866-1909) e invariavelmente nos textos aparecia um dos termos: celebra-se, comemora-se, festeja-se ou outro de mesmo teor e significado.
Poucos sabem as circunstâncias de sua trágica morte, mas Euclides da Cunha morreu em 1909 durante duelo com o amante de sua esposa; sua grande obra “Os Sertões – Campanha de Canudos“, em edição comemorativa e comentada da sempre cuidadosa Ateliê Editorial, tem vocabulário incomum, temas áridos e científicos que muitas vezes requerem bibliografia ou conhecimentos paralelos à obra. O rico prefácio, as mais de três mil notas e a cuidadosa reportagem iconográfica torna essa edição um trabalho competente, rigoroso, minuncioso e correto como poucos.
A cada leitura de Os Sertões novas descobertas são feitas, nada pode ser percebido em uma única análise e leitura. Li Os Sertões em minha jovem juventude, reli alguns trechos em momentos diferentes e agora, mais maduro, mas ainda jovem, planejo sua releitura. Sei que novas experiências e sensações me esperam.
Acredito que tenha sido Italo Calvino o autor de uma frase cujo teor se assemelha a: “… ao ler um clássico, de alguma forma, experimentamos uma releitura e não uma primeira leitura …”, àqueles que ainda não tiveram o prazer de experimentar Euclides da Cunha como cientista, artista e poeta, por favor, o façam, pois são poucos os que como ele conseguem unir um sábio sensível e versátil que nos informa com precisão científica o ambiente que será desfrutado por seus personagens a um artista que nos convence e encanta com palavras que se transformam em cores, formas, movimentos, sentimentos, sensações, sons, …

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